Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa

A orquestra é um grupo musical no qual são tocados instrumentos de todas as
famílias, isto é, instrumentos de corda, sopro e madeira, onde os instrumentos de
corda são os mais utilizados.
Em Ponta Grossa, a ideia de formar uma Orquestra Sinfônica surgiu em 1954,
quando um grupo de amigos reuniu-se nas dependências do Clube Princesa dos
Campos com a ideia e desejo de tocar música erudita. O grupo de amigos
fundadores da Orquestra Sinfônica era composto por João Gehr, Jorge Klüppel,
Oscar Tockus, Francisco Rizental, Jacob Schmikler Junior, Mauro Fausto Gil,
Efigênio Brandão e Frederico de Geus, todos instrumentistas amadores.
Um ano depois, em fevereiro de 1955, passou a fazer parte da Orquestra Sinfônica,
o maestro Tenente Paulino Martins Alves, o qual havia comandado a Banda de
Música do 13° BIB e, desde 1952, estava comandando a Banda Escola Lyra dos
Campos.
Ainda em 1955, em busca de apoio financeiro, o grupo de músicos visitou a Câmara
Municipal da cidade para informar os vereadores e o prefeito sobre a importância e
finalidade da Orquestra, convidaram os políticos para uma apresentação informal,
no Clube Princesa dos Campos no dia 21 de junho daquele ano.
Admirado com a apresentação da Orquestra e ciente da importância cultural da
música para a comunidade princesina, no dia 24 de junho de 1955, o vereador
Guilherme Augusto Knechtel criou um projeto de lei, o qual foi aprovado quatro dias
depois, que concedia uma verba de 75.000 cruzeiros para a compra de
instrumentos musicais e 60.000 cruzeiros destinados à manutenção da Orquestra.
O primeiro concerto oficial da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa ocorreu no
Clube Guaíra no dia 15 de Setembro de 1955, foi realizado durante as
comemorações de 132° aniversário de Ponta Grossa, na apresentação foram
homenageados o prefeitos e vereadores, como forma de agradecimento pelo apoio
financeiro cedido pela Câmara Municipal. A apresentação foi realizada por trinta e nove músicos sob a regência do maestro Paulino, assim foi iniciada a trajetória da
Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa.

Tenente Paulino Martins Alves, 1° Regente da
Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa

A orquestra era composta por um conjunto de músicos amadores, os quais
realizavam concertos beneficentes sem cobrar entrada, fato fez com que
passassem por dificuldades financeiras. Nos anos 1958 e 1959, os músicos
procuraram formas de arrecadar fundos, o recurso encontrado pela Orquestra foi
reconhecido nacionalmente e noticiado pelo jornal carioca “Diário de Notícias”.

“Visando a obter recursos para a aquisição de novos instrumentos, a Orquestra
Sinfônica recebeu, por empréstimo, de alguns de seus sócios, uma gleba de cinco
alqueires onde, sob a orientação de outro de seus membros um agrônomo
promoverá a plantação de arroz, que deverá produzir 600 sacos do cereal já na
próxima safra, que, vendidos, naturalmente lhe proporcionarão a oportunidade de
renovar o seu instrumental.”

Diário de Notícias, 14 de agosto de 1958.

A ideia foi executada com sucesso, as terras foram cedidas pelo músico Alfredo Bertoldo Klas, próximo ao distrito de Guaragi, e o suporte técnico foi prestado pelo
engenheiro agrônomo José Luiz Victor Muzzillo, que também era músico da
Orquestra Sinfônica da cidade.
Durante a década de 1950, a Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa realizou
diversas apresentações, conquistando não apenas o prestígio do público
ponta-grossense, mas alcançando também sucesso em nível nacional. Nessa época
a Orquestra contava com 62 músicos, era pioneira do gênero no Paraná e a terceira
Orquestra Sinfônica do Brasil.
O sucesso era tanto que, em 1956, foi enviada ao presidente da Orquestra Sinfônica
de Ponta Grossa uma carta do maestro Eleazar de Carvalho, regente titular da
Orquestra Sinfônica Brasileira do Rio de Janeiro, que escreve: “… louvo o povo de
Ponta Grossa por possuir uma Orquestra Sinfônica, coisa rara nesse nosso Brasil,
apesar de ser através da música que se afere a cultura de um povo.”
Em 1958, Guaracy Paraná Vieira reformulou o estatuto da Orquestra Sinfônica de
Ponta Grossa, incluindo uma cláusula a qual estabelecia que a partir daquele ano os
concertos deveriam ter caráter beneficente. Assim, a Orquestra realizou diversos
eventos em benefício de algumas instituições da região, como: o Hospital Infantil
Getúlio Vargas, Lar Hercília Vasconcelos, Organização Espírita Irmã Scheilla,
Associação Protetora do Recém-Nascido, entre outras.

Orquestra Sinfônica de Ponta
Grossa – década de 1950. Fonte: portal.uepg.br


Ainda no final da década de 1950, a Orquestra buscou enriquecer seu repertório,
que contava com as peças cedidas por Jorge Pereira e Emílio Voigt, proporcionando
um intercâmbio cultural com Orquestras da Alemanha.
Na metade da década de 1960, Alfredo Bertoldo Klas alcançou a presidência da Orquestra e, com o apoio das autoridades de Ponta Grossa, criou uma escola de música
municipal com o objetivo de formar músicos aptos a executar instrumentos de corda,
principal tipo de instrumento tocado por uma Orquestra. Essa escola tornou-se o
atual Conservatório Maestro Paulino.
Em 1987, devido às dificuldades financeiras e divergências no grupo, referente às
eleições para diretoria, houve uma separação entre os músicos e surgiu uma nova
Orquestra, a Orquestra de Concertos Princesa dos Campos. Tal acontecimento
representou uma das maiores crises vividas pela Orquestra durante toda sua
trajetória, de um lado estava a diretoria eleita, que continuou comandando a
instituição, enquanto a maioria dos músicos passaram a fazer parte da nova
Orquestra.
A crise da divergência dos músicos durou até 1991, quando o Comandante da 5a
Brigada de Infantaria Blindada, General Piero Ludovico Gobbato, realizou a
mediação entre as Orquestras. O General conseguiu realizar a conciliação entre os
músicos por meio da assinatura de um protocolo que promoveu a reunificação da
Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa.
Mesmo resolvendo o problema da divergência entre os músicos, a Orquestra ainda
enfrentava dificuldades financeiras, o que ocasionou uma crise. Sua última
apresentação foi em junho de 1999, a instituição encerrou suas atividades no início
do ano 2000.
Todos os instrumentos que pertenciam à Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa,
foram cedidos à Secretaria Municipal de Cultura em 2001. Com a posse dos
instrumentos, a Secretaria organizou uma Orquestra Sinfônica, criada pela lei Municipal n°6.858 de 26 de janeiro de 2001, aprovada pelo então prefeito municipal
Péricles de Holleben Mello. Atualmente a Orquestra organizada pela secretaria
funciona como uma orquestra-escola.
A nova Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa realiza apresentações até os dias
atuais, é prestigiada pelo público ponta-grossense e mantém viva a tradição musical
da Princesa dos Campos.

Texto: Casa da Memória

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