Museu Casa
Em tempos de mundo digital, de liquidez das relações e do estilo de vida humana, a palavra casa pode ter novas formas de imaginário, conforme a cultura e o território daquele que a imagina, mas mesmo que brevemente, casa nos traz a memória de um lar, local de refúgio, local de sermos nós mesmos – nosso mundo privado.
Essa tipologia de museu é como um reflexo do passado e do presente de uma parcela social, assim como todo patrimônio e museu, ele não consegue ser geral, acaba sendo limitado a um conjunto de indivíduos que se identificam com aquele local ou símbolo.
O museu casa possui como características ter uma especificidade de acervos, projetar uma memória social com um recorte de uma época e de uma classe, representar uma disposição familiar e um trabalho doméstico, podendo auxiliar no entendimento de outros elementos sociais como religiosidade, práticas comerciais, sociais e culturais, além de ser um local que satisfaz a curiosidade do visitante sobre arranjos familiares.
Hall: O hall, também denominado vestíbulo, era considerado a zona neutra da casa, sendo o local de entrada e responsável por distribuir o fluxo nos visitantes. Esse espaço oferecia privacidade aos moradores, sendo um setor independente e área de recepção orientando a circulação para a sala de visitas, sala de jantar ou escritório – dependendo da intencionalidade da visita. Nesta exposição, seguindo a ordenação de ser um local receptivo, o Hall será a porta de entrada ao visitante, local em que o monitor irá acolher a comunidade e lhe explicar as normas de visitação. Um dos objetos de destaque é a chapeleira, pertencente ao acervo da Ferrovia, objeto direcionado para a colocação de chapéus e casacos, além de comportar espaço para acondicionamento de guarda-chuvas e bengalas – sendo considerado uma falta de respeito a entrada na residência utilizado chapéus ou qualquer objeto que cubra a cabeça.
Itens do acervo:
Escritório: O escritório é o espaço destinado a recepção fora do ambiente familiar, tratando-se de um ambiente tido como masculino, por ser o homem, o responsável pelas tratativas externas. Esse local normalmente era localizado próximo ao Hall da casa, ou com uma entrada independente, evitando o contato com as áreas íntimas da residência. Sendo o ambiente destinado a negócios, comercializações e práticas políticas. Nesse espaço o imagético é a representação do escritório da família, local destinado a assuntos vinculados a figura dos patriarcas da família, como Henrique, Alberto e Rodolfo Thielen, como tratativas a respeito da Cervejaria Adriática, ações sociais e políticas dos clubes germânicos, vínculos com instituições religiosas e demais ações e reuniões promovidas por esse núcleo.
Itens do acervo:
Sala de estar: A sala de estar também é denominada de sala de visitas, sendo o local nobre da residência, normalmente disposto na parte frontal da casa com janelas e varandas voltadas a rua. Na dinâmica do período colonial para o modernismo, as famílias passaram a abrir mais seus lares para pessoas de fora, receptividade e requinte eram as palavras marcantes da época, que agora se estabeleciam internamente e não mais somente externamente em clubes e restaurantes. As salas de visita possuíam elementos de sofisticação presentes nas decorações das paredes, nos mobiliários definindo a condição socioeconômica dos moradores para aqueles que estavam visitando. Os elementos de decoração das paredes e do piso são as características marcantes dessa época, presentes em todos os cômodos da casa, possuindo influências europeias e marcado por simbologias vinculadas à estética do art nouveau, bem como de elementos pessoais da culturalidade dos moradores. Nesse espaço também se desenvolvia a sociabilidade familiar, com a presença de instrumentos sonoros como rádios, radiolas, pianos, além de outros objetos que demonstravam descontração e intimidade familiar.
Itens do acervo:
Quarto (costumes/higiene/moda): O Quarto é o local mais íntimo da residência – representado por apenas um quarto destinado ao patriarca e a matriarca da família – pensando em ser um local de descanso, de cuidados e também de religiosidade. A religião é uma das bases sociais – seja como mecanismo de fé ou como aparato de definição social, estar vinculado a um núcleo religioso define, além da origem do indivíduo, seu círculo social, suas práticas, tradições e comportamentos, temos presente em Ponta Grossa diversas vertentes religiosas como catolicismo, presbiterianismo, luteranismo (sendo a representação da Família Thielen), espiritismo, religiões de matriz africana, entre outras. Algumas casas, principalmente do período colonial, dispunham de uma oratório em suas dependências, definindo um local sacro, fator que ocorria principalmente devido às longas distâncias necessárias até os locais de culto. No setor urbano essa configuração se altera, a proximidade com os templos religiosos permitia a frequência dos habitantes, mas manteve-se a presença dos oratórios, dispostos no quarto, ou em outros casos na Sala de Estar ou Sala de Lazer, como forma de manutenção das práticas religiosas. Em alguns núcleos familiares, os filhos até cinco anos ficavam junto aos pais ou em quartos destinados às “babás”, as empregadas contratadas para o oficio de cuidado das crianças, sendo este representado pelo berço e por itens de entretenimento infantil.
Itens do acervo:
Quarto de vestir: O quarto de vestir em algumas disposições residenciais é denominado “Alcova”, conhecido por ser um quarto sem janelas. Essa ambientação que está anexa ao quarto pode possuir diversas funcionalidades, podendo ser espaço destinado à prática de trabalhos manuais, como costura; destinado a prática da escrita e leitura; local de vestimenta e higiene; dormitório dos filhos, enfim, a sua funcionalidade se altera conforme a necessidade espacial da casa, bem como a posição social familiar. Nesta representação se constitui um quarto de vestir, destinado ao cuidado pessoal e estético da família.
Itens do acervo:
Cozinha: As cozinhas no período colonial dispunham de dois espaços para essa prática, uma normalmente alocada dentro da residência, aos fundos, conhecida como “cozinha seca” destinada a prática de cozer e a cozinha externa (ou anexa) destinada a preparação inicial dos alimentos, como preparação das carnes, debulhar ou moer o milho, descascar e picar ou ralar leguminosas – em suma os trabalhos que demandam mais estrutura e trabalho. Com as novas configurações do século XIX para o XX, com o fim teórico da escravidão e as novas práticas de trabalho doméstico, a cozinha passa a ser organizada em apenas um local. Outro fator que foi determinante para a nova configuração é a presença da supervisão, e em muitos casos da atuação direta, da figura feminina da casa nas tarefas das áreas de serviço. Nas famílias de classe alta as casas contavam com a presença de empregadas e governantes, mas de forma geral a “senhora da casa” passou a ser mais atuante nas atividades do ofício doméstico, tornando-se parte da sua labuta. Essa aproximação forneceu modernidade ao local doméstico, criando nichos comerciais de produtos e disposições, a fim de trazer mais comodidade e praticidade ao ofício.
Itens do acervo:
Lazer: Espaço destinado ao lazer da família, sendo considerada uma área de zona íntima da casa. Era anexo à casa, voltado para a área externa, com vista para o jardim ou pomar. Em algumas arquiteturas este espaço se mantinha aberto, em outros com uma janela de vidro, permitindo a ampla entrada da luz solar. Por ser um local de descanso diurno, podia ser usado como local de leitura, rápidas refeições, realização de trabalhos manuais e de costura, espaço para brincadeiras. Nesse local também podia-se receber visitas, consideradas mais próximas à família. Sendo utilizado durante o dia em suma por mulheres e crianças.
Itens do acervo:
Endereço: R. Júlia Wanderley, 936 – Centro, Ponta Grossa – PPR
Funcionamento: de segunda a sexta das 09 às 18h
Contato: 3220-1000 (ramal 2096)
E-mail: casadamemoria_pg@hotmail.com