Aço e Ferro: as ferrovias em Ponta Grossa
O final do século XIX e início do século XX marcou a chegada dos trilhos da ferrovia em Ponta Grossa. Duas estações foram construídas para servir de terminal ferroviário. A primeira, conhecida como Estação Paraná, foi inaugurada em 1894. Servia de ponto terminal da Estrada de Ferro Paraná, fazendo a ligação Paranaguá-Curitiba e Ponta Grossa.
Entre 1899 e 1900 foi construída a segunda estação, conhecida como Estação São Paulo–Rio Grande (Estação Saudades), para atender a demanda de movimentação de trens e de carga e de passageiros dos trilhos da Estrada de Ferro São Paulo–Rio Grande que alcançaram a cidade. O encontro das duas estradas de ferro fizeram de Ponta Grossa um importante entroncamento ferroviário e marcou um período de crescimento econômico da região.
Em maio de 1990 as duas estações foram tombadas e o antigo barracão de cargas foi preservado como área envoltória, formando o Complexo da Ferrovia.
Itens do acervo:
Estaçâo Paraná
Este edifício foi inaugurado em 1894, para ser sede da primeira Estação Ferroviária de Ponta Grossa. Servia de ponto de embarque e desembarque de passageiros, bem como para o transporte de cargas.
Em 1906, depois da construção do terceiro prédio, a estação passou a abrigar a parte administrativa da rede até a década de 1970, quando começaram a ser retirados os trilhos da área central da cidade.
A importância desse edifício que foi tombado como Patrimônio Cultural do Paraná em 1990 está ligado à sua beleza arquitetônica e também por inaugurar na região o transporte ferroviário. Com a retirada dos trilhos do centro da cidade, a estação foi desativada e em 1995 foi inaugurada no local a Casa da Memória de Ponta Grossa, que teve funcionamento até 2019 quando foi realocado para outro edifício.
Estação Arte
De estilo eclético, o Armazém da Estrada de Ferro do Paraná foi construído em madeira ao lado da Estação Paraná em 1896 para ser depósito de cargas da RFFSA – Rede Ferroviária Federal S/A. Sua função, dentro do complexo da ferrovia, era estocar diversos produtos e materiais vindos de outros países. Este armazém funcionou até a década de 70, quando foi desativado, sendo suas atividades transferidas para o bairro de Uvaranas.
Em 1910, este barracão foi reformado, passando a ser de alvenaria depois de sofrer um incêndio. No espaço, também funcionou de 1996 ao final de 2007 a Estação Arte, espaço destinado para atividades culturais e em março de 2008, passou a funcionar na estação o Mercado da Família, onde a população carente da cidade tem acesso a produtos com preços promocionais. Até fevereiro de 2019 estava funcionando novamente com exposições artísticas e demais atividades culturais. Durante a pandemia da Covid-19, foi um dos principais pontos de vacinação na cidade
Estação Saudade
Devido a grande expansão ferroviária, uma nova estação precisou ser construída para portar o grande fluxo de pessoas e mercadorias que passavam pelo complexo ferroviário no centro da cidade. Então um novo prédio foi inaugurado em 2 de marco de 1900, sendo denominada de Estação Roxo de Rodrigues (São Paulo – Rio Grande) – conhecida como Estação Saudade.
Com características arquitetônico-clássicas e art-nouveau, a nova estação foi um marco histórico local destacando grande crescimento econômico para o município. Em 1908 o prédio foi ampliado. Já passaram pelo local grandes nomes conhecidos nacionalmente como Santos Dumont e Getúlio Vargas.
Entre os anos de 1942 e 1975 a linha ferroviária era gestada pela Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC). No ano seguinte até o ano de 1989 pertenceu a Rede Ferroviária S/A (RFFSA). EM 1980 o espaco foi desativado devido ao grande crescimento urbano da cidade e em 1989 foi realocado para um novo complexo ferroviário em no bairro de Uvaranas.
O prédio foi tombado em 1990 como Patrimônio Cultural do Paraná e atualmente há uma unidade cultural, SESC Estação Saudade.
Locomotiva n° 250
Símbolo de progresso, a locomotiva à vapor n° “250” foi idealizada pelo engenheiro Ewaldo Krüger, que adaptou peças de uma locomotiva Mikado 2-8-2. Com a morte de Ewaldo Krüger em 1936, seu filho Germano Krüger finalizou o projeto quatro anos mais tarde. Esse feito demonstra a alta capacidade técnica dos operários e engenheiros que operavam em Ponta Grossa, alguns saídos da oficina escola do então Ginásio Tibúrcio Cavalcanti já que a “250” foi construída, com exceção da caldeira, nas oficinas da antiga Rede Ferroviária em Ponta Grossa. Iniciou suas atividades em 1942 puxando de 6 a 8 vagões lotados de mercadorias trafegando em linhas regulares de composições mistas, servindo durante muito tempo na construção da Estrada Ferro Central do Paraná, que ligava Ponta Grossa a Apucarana transportando, inclusive, material em operações de suporte.
Por contingência dos novos tempos, foi preciso que a locomotiva “250” fosse substituída por outras máquinas mais potentes e modernas, movidas a diesel – projeto de implantação das locomotivas à diesel começou nos anos de 1968 e 1969. Dentro desse panorama, a locomotiva “250” foi retirada do serviço em 1972 apesar de ainda conservar toda a sua capacidade de trabalho que realizava em seus melhores dias. Durante muito tempo ela ficou estacionada junto à passagem de nível da Avenida Visconde de Mauá, no bairro de Oficinas, em exposição e cumprindo missão de lembrança das velhas máquinas de transportes que muito ajudaram a construir o progresso de Ponta Grossa e do Estado do Paraná. Com a aquisição das estações da Antiga RFFSA pela prefeitura de Ponta Grossa, a “Maria Fumaça”, ou “250” foi restaurada e colocada em exposição permanente no Parque Ambiental Governador Manoel Ribas, sendo admirada por muitas pessoas que ali passam.
Estação Ferroviária de Guaragi
A estação ferroviária de Guaragi (distrito de Ponta Grossa) situa-se ao lado da ferrovia Paraná – Santa Catarina “RVPSC”, em pleno centro da localidade. Foi inaugurada em 1° de Janeiro de 1899.
Foi um ponto de referência para muitas pessoas que partiam para os grandes centros urbanos em busca de estudos e aperfeiçoamento profissional. Várias famílias ponta-grossenses viajavam para Guaragi para participar de festas religiosas, bem como jogos de futebol e piqueniques.
Aos Trabalhadores
Quando falamos sobre modernidade e progresso que a elite que a elite princesina se empenhou em desenvolver na cidade, pouco observamos sobre o trabalho dos homens e mulheres, jovens e velhos que foram os chamados “chãos de fábrica”, mão de obra em presença nos porões de serviços dos casarões; Pouco falamos daqueles e daquelas que executavam o trabalho dentro do sistema modernista.
Moravam boa parte distante do centro, nas áreas periféricas ou rurais, sem as comodidades das grandes casas, sendo em boa – ou maior – parte imigrantes, negros, indígenas, quilombolas e seus descendentes imediatos.
Os trabalhadores e trabalhadoras, mesmo executando papéis fundamentais na estrutura social, são inviabilizados nas narrativas dos grandes feitos históricos – quando observamos detalhadamente entre fotos e histórias , vemos a ação de inúmeros rostos e braços presentes nos balcões dos estabelecimentos, nas produções das fábricas, nos trabalhos das ferrovias, no ofício doméstico, nos templos religiosos, nas oficinas, nos ensinos, nas ruas e nas manutenções de tradições e costumes tão importantes para a sociedade ponta-grossense.
Na residência original da Mansão Villa Hilda, o porão, ou piso térreo era o local de moradia dos empregados de casa, além de dividir espaço com salas de trabalho e depósito de mantimentos, não possuindo requinte e o mesmo conforto do piso superior.
O Museu Municipal Aristides Spósito, mesmo que singela, mostra toda a representação daqueles que fizeram a enorme engrenagem do trabalho funcionar para que Ponta Grossa seja a grande cidade que é.
Endereço: Rua Júlia Wanderley, 936 – Centro, Ponta Grossa – PR
Funcionamento: de segunda a sexta das 09 às 18h
Contato: 3220-1000 (ramal 2096)
E-mail: casadamemoria_pg@hotmail.com